• Breaking News

    segunda-feira, 17 de agosto de 2009

    Yuri

    O que é Yuri?

    por Soma (colaborador)

    Da forma mais técnica e literal, o termo é usado para definir um gênero ficcional (uma história) que descreve uma relação amorosa entre mulheres. Duas (ou mais) meninas se agarrando e (talvez até) fazendo “coisas”... Isso é o conceito mais básico e é o que todo mundo deve saber até agora não é? Uma história Yuri pode focalizar tanto a parte emocional, a sexual, e ambas. Aqui no ocidente costuma-se chamar essa variação emocional “mais comportada” de shoujo ai; esse termo não é muito usado no Japão (apesar dos japoneses saberem do que se trata).

    A origem do nome em si não tem nada a ver com a irmã do Ryo Sakazaki ou com aquele careca russo maluco do Command e Conquer, mas com flores: em japonês, “yuri” é “lírio”. Isso provém de uma analogia feita pelo editor da revista Barazoku (“Tribo das Rosas”), dirigida ao público gay masculino, lá nos anos 70. Como “bara” significa “rosa”, flor associada a homens gays no Japão, o editor da Barazoku certa vez usou “Yurizoku” (Tribo dos Lírios) pra se referir a comunidade gay feminina. Mas foi quando Doujin Circles começaram a usar o nome Yuri (ou Yuriko, que pode também ser lido como “menina dos lírios”) em seus trabalhos que o termo pegou de vez.

    Já sabemos a razão do nome, agora vamos a origem. De onde veio isso afinal? A resposta é longa, mas é uma história bem interessante. Apesar de o gênero ter efetivamente surgido na década de 70, as raízes do Yuri datam do começo do século passado, e não é sem razão que ele é (da forma mais clichê) associado às garotas de colégio feminino (do tipo internato). Pra saber como isso começou, vamos saber um pouquinho sobre uma escritora japonesa que pensava “de forma diferente” de outras de seu tempo...


    - Class “S”

    As obras da escritora Nobuko Yoshiya (1896-1973), foram muito importantes para o nascimento do gênero Yuri. Filha única de uma família descendente de samurais e homossexual assumida (uma atitude realmente a frente de seu tempo; dá pra imaginar o que ela deve ter passado...), ela foi a pioneira de um gênero literário que veio a ser conhecido depois como “Class S” (S de “Schoolgirl”, colegial). Sua série Hana Monogatari (literalmente, “Contos das Flores”), com 52 contos tendo como tema principal relacionamentos afetivos entre duas mulheres foi sua obra mais famosa, e muito popular entre as colegiais da época. E não foi apenas pela temática, mas pelo estilo de escrita da autora; ao contrário dos demais autores da época, Yoshiya fazia uso de onomatopéias, exclamações, e descrevia cenas em locais incomuns (como uma varanda), o que caiu muito no gosto das jovens leitoras.

    Muitos devem estar se perguntando (pelo menos os que estavam prestando alguma atenção nas aulas de História) como ela conseguiu publicar textos e lvros com esse tema no Japão do começo do século 20 (se no ocidente já seria duro, imagina lá). A resposta: apesar da intensidade dos romances, Yoshiya os descrevia de um modo platônico, e essas paixões se encerravam com a formatura no colégio, casamento (com um homem) ou mesmo de forma mais trágica, com a morte (todos esses elementos presentes nos contos em Hana Monogatari). Por isso as histórias de Yoshiya sempre foram consideradas “de respeito” ou “decentes”, para mulheres de todas as idades. E curiosamente, ela nunca fez segredo da sua opção sexual nem da relação com sua parceira Kadoya Chiyo; e diferentemente de muitas celebridades, ela sempre foi aberta para a mídia sobre detalhes de seu relacionamento. Realmente, para os padrões da época e lugar, essa mulher tinha muita coragem!

    E como era de se esperar, as mangaká da geração seguinte foram influenciadas tanto pelo estilo de narrativa como pelos temas dos romances de Yoshiya. Essa influência começou a ser sentida com a publicação de Shiroi Heya no Futari nas páginas da revista Ribon, em 1971. O mangá de Ryoko Yamagishi (cujo título pode ser traduzido como “um Casal no Quarto Branco”) pode certamente ser considerado o primeiro mangá Yuri da história. Nele é possível ver de forma bem clara elementos presentes nos romances de Yoshiya: a garota madura e refinada e a admiradora mais jovem e inocente, uma paixão platônica que mesmo depois de retribuída se torna secreta. E o sofrimento por causa do amor proibido começa quando (por um acaso do destino) ele se torna público, e na maioria absoluta dos casos ele acabava culminando com a morte de uma delas (geralmente sobrava pra mais madura das duas) ou (se desse MUITA sorte) com ambas tendo que se separar pra sempre, tomando caminhos diferentes. Se vocês achavam que o shoujo “tradicional” (aquele que eu apelidei carinhosamente de “shoujo roots” ^^) era pra ler com uma caixa de lenços de papel do lado pra secar as lágrimas, o que me dizem disso?

    Shirou Heya no Futari foi pioneiro, mas há mais uma coisa além dos livros de Yoshiya que inspirou os primeiros mangás Yuri (e por tabela alguns outros elementos clássicos do shoujo mangá): o Takarazuka Revue.


    - Takarazuka Revue

    A companhia teatral nascida em 1913 na cidade de Takarazuka, prefeitura de Hyogo, foi sem dúvida outra grande responsável pelo nascimento do gênero Yuri. O Takarazuka Revue (que existe até hoje) foi ao mesmo tempo uma inspiração para os mangás primordiais do gênero Yuri como influência em algumas outras áreas; vejam a seguir.

    Tudo começou quando Ichizo Kobayashi , político e industrial teve a genial idéia de criar um teatro no começo do Século XX, para representar peças e musicais do ocidente. Em um país onde beijar em público era um tabu (e até certo ponto ainda deve ser), peças e musicais ocidentais eram libertinos demais...mas o fundador do Takarazuka Revue deduziu que “um beijo entre duas mulheres solteiras era socialmente mais aceitável do que um entre um homem e uma mulher solteiros”, e daí nasceu um grupo teatral com apenas mulheres no elenco, o que permitiu que obras ocidentais fossem encenadas sem que fossem “um atentado a moral e aos bons costumes” ...

    De forma reversa ao teatro Kabuki, o Takarazuka Revue tinha mulheres interpretando papéis masculinos (otokoyaku) e femininos (musumeyaku). A diferença já vinha no treinamento: enquanto as musumeyaku eram ensinadas da forma convencional (para a época), as otokoyaku faziam todo um processo pra interpretar de forma convincente, o que incluía usar cabelos curtos e falar de forma mais masculina, usando por exemplo “boku” (rapazes jovens) ou “ore” (homens maduros ou mais imponentes) em vez de “atashi” ou “watashi” (meninas) pra referirem-se a si mesmas enquanto atuam (todas são formas diferentes para o pronome “eu”).

    [Explicando: em japonês, certas palavras e pronomes são usados por uma pessoa dependendo do sexo ou idade. Usar tais palavras “inadequadas” ao seu sexo apesar de não ser necessariamente inadequado pode passar uma ”impressão diferente”. Por exemplo, uma garota que use “boku” pode passar por uma menina-moleque (tomboy) ou mesmo uma mais masculina; dois bons exemplos seriam Ayu Tsukimiya (de Kanon) e Naoto Shirogane (do game Persona 4), respectivamente.]

    Na verdade, as otokoyaku também são as responsáveis pela visão andrógena (ou “caras que parecem mulher”) dos homens no shoujo mangá em geral. Elas representaram pela primeira vez um tipo de beleza inexistente nos homens, sem ser guiados pelos aspectos negativos da testoterona (sabem o Stiffler de American Pie? É bem por aí...). Elas personificavam o tipo de homem “dos sonhos” para as donzelas, de forma não muito diferente dos rapazes que idealizam a “garota perfeita” (como aquelas que sobram nos eroges, animes e mangás com haréns e que sustentam grande parte da indústria hoje).

    [Pronto, agora vocês finalmente entenderam a razão das meninas se derreterem por aqueles caras “afeminados” das bandas de J-Rock e atores de Doramas, Kamen Rider e Super Sentai...e sim, “aquele” gênero irmão do Yuri também...]

    Além da androgenia, há mais um fator com o qual o Takarazuka Revue colaborou: ao criar o grupo, Ichizo Kobayashi idealizou que após suas passagens pelo grupo teatral, as atrizes se tornassem “boas esposas e mães”, aquele conceito machista do começo do século. Porém, ah, porém...ao mesmo tempo o grupo teatral tornou-se um símbolo do feminismo de liberdade contra a opressão da sociedade patriarcal. Ver mulheres interpretando papéis masculinos (na posição de poder que elas não tinham o direito de ter na sociedade da época) era de um apelo único para o publico feminino, e que obviamente inspirou muitas moças a abrirem esse espaço na sociedade por si (claro que a invasão da cultura ocidental no Japão ajudou bastante).

    E da mesma forma que Nobuko Yoshiya e seus romances Class S, muitas fãs do Takarazuka Revue também viraram mangaká. A mais notável é sem dúvida Riyoko Ikeda e sua obra mais famosa, Berusaiyu no Bara, bem conhecida aqui (pelos seus pais e talvez avós) como A Rosa de Versalhes (ou Lady Oscar), cuja protagonista foi baseada nas otokoyaku, e a bem da verdade muitos dos demais mangás da autora tem o Takarazuka como fonte de inspiração. E dessa mesma fonte bebeu ninguém mais do que o Deus do Mangá em pessoa: Osamu Tezuka, também admirador do Takarazuka, tirou dali também a inspiração para criar Sapphire, a heroína de Ribon no Kishi (aqui conhecido como A Princesa e o Cavaleiro). E esses mangás também foram homenageados pelo mesmo Takarazuka Revue com montagens de musicais inspirados neles, vejam vocês...

    E mesmo em outros mangás e animes (sem que relações Yuri sejam o foco do enredo) é normal se notar homenagens ao Takarazuka. Alguns de nota são o “Zuka Club” em Ouran Host Club e (especialmente) a série de games Sakura Taisen (Sakura Wars), nascida no Sega Saturn (um bom console, pra quem conheceu), onde um teatro nos moldes do Takarazuka servia de fachada para uma tropa de Mechas a Vapor que lutava contra Youkais na Era Meiji

    Pois bem, já vimos que tanto os romances Class S e o Takarazuka Revue foram fundamentais pra origem do Yuri, certo? As bases da receita surgiram a partir desse ponto. Mas chega uma hora que é necessária uma “evolução”, ou então é extinção certa (Darvin e os Kamen Riders que o digam). E essa evolução veio a acontecer nos anos 90, em especial graças aos fãs de certa rapariga que punia o mal “em nome da Lua”...


    O Poder de Revolucionar o Mundo (Yuri)! – a Década de 90 e Século XXI

    Tudo que é usado demais acaba sofrendo desgaste, e isso valia para o Yuri, que não tinha mudado muito nos últimos vinte anos. E foi quando começaram a botar temperos diferentes na receita básica que a evolução aconteceu ao longo da década. As primeiras mudanças começaram com o fim dos estereótipos: agora nem sempre as histórias do gênero eram dramalhões dignos de novela mexicana e (o melhor de tudo) um final feliz com elas terminando juntas (sem ser no estilo “Romeu e Julieta”, no caso) era perfeitamente possível (claro que a aceitação “menos pior” do homossexualismo em relação a duas décadas atrás ajudou).

    Outro fator que ajudou foi graças a (única) obra mais conhecida de Naoko Takeuchi (atual Sra. Yoshihiro Togashi), Sailor Moon. Na verdade, não exatamente por ela, mas sua fanbase: ele foi o primeiro anime / mangá “para as massas” que mostrou de forma clara, aberta (e principalmente, com respeito e nada ridícula) um relacionamento entre duas mulheres, Haruka (Sailor Urano) e Michiru (Sailor Netuno). Como tudo que é anime e/ou mangá de sucesso inspira os fãs, muito doujinshi foi feito baseado no “casal” (e não apenas DAQUELE tipo, antes que perguntem....). A relação foi tão bem aceita para o público que elas chegam até a “adotar” uma filha...

    Não por acaso, muitos dos envolvidos no anime de Sailor Moon em seguida trabalharam na produção da versão anime de Shoujo Kakumei Utena, onde desta vez os holofotes estão na personagem-título e a Noiva da Rosa. Claro que há um monte de relacionamentos mais “exóticos” (pelo menos uns dez ou vinte tipos de “-ismo” diferentes), mas desta vez uma relação Yuri estava extatamente no centro dos holofotes. Notem que em Utena temos muita, mas MUITA influência dos mangás de Riyoko Ikeda (em especial Berusaiyu no Bara) e por tabela do Takarazuka; notem que Utena se veste como um rapaz por não querer ser a princesa que espera ser salva pelo príncipe, mas sim o salvador em si. Lembram do que falei lá antes do Takarazuka? Pois é, sabem aquela música (e se não sabem, ouçam aqui) com um coral pra lá de poderoso cantando anagramas de Mokushiroku (“Apocalipse”, em japonês)? Adivinhem só O QUE serviu de inspiração...^^

    E claro que eu não poderia deixar de falar sobre Maria-sama ga Miteru (ou Marimite)...a série de Light Novels escrita por Oyuki Konno, e com arte de Reine Hibiki retomou e modernizou os conceitos dos romances Class S criados e desenvolvidos por Nobuko Yoshiya,e ao mesmo tempo adicionando mais coisas ao gênero Yuri. Desde o primeiro deles (publicado em 1998), os Light Novels já chegaram no volume 35, e sendo adaptado pra outras mídias como Drama CDs, Radio Shows, mangá e (claro) anime (quatro temporadas, mais os OVAs). Pode-se dizer que Marimite tem a mesma importância hoje que Hana Monogatari teve décadas atrás, resultando até em homenagens (em forma de piada, claro) como em Lucky Star...

    Marimite também é importante por falar de romance, o que NÃO É E NUNCA FOI sinônimo de sexo (ao contrário do que a gentalha que escreve roteiros de novelas não aprendeu até hoje), e pelas personagens serem “gente normal”, no sentido de não terem nada de especial ou sobrenatural, nem no visual (nada de penteados cromáticos ou uniformes nada práticos) nem nas atitudes. É essa humanidade que cativou o público e deu forças para o gênero Yuri ser o que é atualmente.

    E no começo do século XXI também surgiram as primeiras publicações dedicadas ao Yuri, como a revista trimestral Yuri Shimai, que durou só cinco edições, sendo substituída pela Comic Yuri Hime (também trimestral) e sua revista irmã, a Comic Yuri Hime S, dedicada ao público masculino.

    Já ouço os pensamentos de vocês (na verdade, estou usando Yomi) como “Peraí? Público masculino?”, não é? Pois é, assim como outros gêneros, o Yuri também pode ser modificado em algumas coisas dependendo do público-alvo (ou vocês acham que foi “por acaso” que a Sunrise chamou Yun Kouga, mangaká de Loveless, pra criar o visual dos pilotos de Gundam 00?). Podem deixar, que a seguir vamos tratar dessas diferenças.


    Café com Leite ou Capuccino? Nem Toda História Yuri é Igual...

    E é da diversidade que vem a graça, oras! Dependendo dos elementos, uma história Yuri pode ser mais facilmente digerível por um público ou menos pra outro. Tiremos uma obra do Clamp como exemplo: em Card Captor Sakura, não é constrangedor pra um rapaz hetero (que se garante e sabe que ver um anime não vai fazer com que ele tenha um “revertério nas bolas”) torcer pra Touya e Yukito ficarem juntos (eu admito que torci, mas não ter preconceitos é pré-requisito pra ser fã do Clamp como eu sempre fui, a bem da verdade...), mas nem a pau que eu ia conseguir jogar o Visual Novel ou assistir o anime de Sukisyo...em suma, depende da dose e do jeito que é apresentado.

    No caso do Yuri, acho que podemos dividir em dois níveis de intensidade (foco do enredo ou tempero extra) e dois tipos de público-alvo (meninas e rapazes). A diferença entre intensidade é a primeira, pois dependendo da “dose”, pode ser que um público diferente daquele para quem a história é feita se interesse (o que agrada tanto autor como editores). Por exemplo, os flertes (ou melhor, tentativas de assédio quase criminosas) de Chizuru em cima da Orihime (e repelidos por bifas certeiras da Tasuki) em Bleach são um tempero leve de comédia que não influi em nada na história em geral. Por outro lado, em Miyuki-chan in Wonderland, o assédio que a pobre Miyuki sofre em cada mundo que ela acaba indo parar (e as situações cômicas por causa disso) é a base em cima da qual todo o mangá foi feito, bem ao contrário do hit (ainda que enrolão) da Jump. E pode também haver um meio-termo, como em Card Captor Sakura, com as cantadas escancaradas de Tomoyo em cima de Sakura, que não percebe por ser MUITO inocente...só pode ser, pois TODO mundo que vê percebe de cara que é Tomoyo quem quer, de fato, “fazer A MÁGICA na sua querida amiga...”

    Já a segunda diferença deve ser clara pra quem chegou até a este ponto; basta lembrar que tudo que já foi dito sobre o Class S e o Takarazuka. Mas obviamente eu vou ter que explicar pras garotas como os garotos “pervertem” as coisas...a explicação básica está no “moe” (e não falo do dono do boteco preferido do Homer).

    Eu vou destrinchar o “moe” como estou fazendo agora com o Yuri em uma futura edição do KS, mas por hora fins de referência rápida: no sentido mais (próximo de) literal do termo, o “moe” (leiam correto : mo-ê) é um tipo de atração, “fetiche” ou “paixão” (não necessariamente sexual) por personagens de anime, mangá e games. E geralmente é algum elemento (ou clichê) que causa esse tipo de atração pela personagem em si, ou (em grande parte dos casos) um combo de elementos. Um bom exemplo seria a Kagami de Lucky Star: tem uma irmã gêmea, é tsundere, usa seifuku, roupa de miko, cabelo com twin tails (cabelo maria-chiquinha) e é a tsukkomi (“voz da razão”) na história; esse “combo” foi uma das razões dela ter levado o Saimoe Tournament de 2008.

    Como alguns já devem ter sacado, relacionamentos Yuri também podem ser considerados “moe”, e na maioria dos casos eles são usados desta forma pra este público alvo. Um exemplo perfeito pro nosso tema é a Setchan (Setsuna Sakurazaki) de Mahou Sensei Negima: ela age como uma samurai (lembrando muito uma otokoyaku),e apesar de uma leve quedinha pelo Negi, todos (exceto ela mesma) sabe que o “negócio” dela é com Konoka; sua amizade com ela é lotada de gags onde Setchan luta mais pra não “cair na tentação” em vez de brandindo a espada contra alguém. Graças a isso ela é uma das personagens mais queridas do mangá do garoto-professor-mago (e lutador).

    E também pode acontecer de relacionamentos Yuri NÃO acontecerem de fato, mas ficarem nas entrelinhas (na forma de uma ou outra demonstração de interesse discreta). E esta é a segunda razão da Kagami levar o Saimoe; no anime de Lucky Star, há apenas poucas sugestões sutis dela pensar “algo mais” da (adivinhem...) Konata, mas no OVA isso foi escancarado...E deixar certas coisas “nas entrelinhas” é uma tática de narrativa ótima pra atiçar a fanbase (lição pra vocês, aspirantes a roteiristas).. Afinal, isso dá asas pra imaginação do publico, gerando debate sobre a história e (claro) aumentando a popularidade dela. Então, “sugestões” de “casais” como Kagami x Konata, Mio x Azusa/Ritsu (K-ON!) e Reimu x Marisa (Touhou Project) acabam virando argumento pra doujinshi.

    Foi exatamente isso que aconteceu com Haruka/Urano x Michiru/Netuno, onde os Doujin Circles começaram a inundar os eventos com doujinshi sobre a vida das duas além do que foi mostrado no anime e mangá originais. Um fenômeno parecido ocorre hoje com o Touhou Project: apesar de não haver anime (além do doujin OVA feito por fãs) e uma ou outra história paralela em mangás, a fanbase deste se encarregou de fazer uma quantidade absurda de doujinshi, chegando a ser 3/4 dos doujinshi feitos em um só Comiket (e vou falar em breve deste fenômeno recente; muito em breve...). se pararmos pra considerar que dentre as personagens (que já chegam a casa da centena) apenas um (que aparece em contos e quase não serve pra nada) é um homem, dá pra imaginar COMO é boa parte destes doujinshi, não?

    Tá certo, vocês acompanharam este baita TCC até agora, e provavelmente agora talvez queiram dar uma chance pra alguma história Yuri, não é? Pois bem, então que tal algumas dicas?

    Ah, eu me interessei... Cadê os links pra eu ver a Kagami agarrando a Konat...aham, digo...começar a ver algo de Yuri?

    Vou fingir que alguns de vocês ainda não estão precisando de uma esfregada de escova na massa cinzenta...(^^). Na verdade, qualquer um que saiba usar o Google deve saber como achar esse tipo de coisa, mas pros mais preguiçosos e também pra evitar alguma surpresa desagradável (como abrir um site XXX nada a ver no meio duma lan house lotada), vou dar algumas dicas:

    Comecemos com mangás então. Uma das melhores opções em português que conheço é o Aino Scanlations, que tem algumas séries clássicas e coisas recentes. Só tomem cuidado pois o site também tem material do “gênero-irmão” do Yuri, pra aqueles que assim como eu está no Lado Azul da Força... E se não há problemas com o inglês, minhas duas sugestões são o Wings of Yuri, especializado em doujinshi de material recente (como K-ON! e Lucky Star) e também o Lililicious, com mais mangá convencional. Só tomem cuidado pois volta e meia tem alguma coisa “imprópria para menores”, mas eles avisam antes. Outra ótima dica é o Gensokyo.org, o maior repositório de doujinshi em inglês de Touhou, e geralmente sai bastante Yuri doujinshi lá também.

    Já em se tratando de anime, além de alguns já citados aqui (como Utena e Marimite), tem dois animes que eu recomendo em especial. O primeiro é Yami Boushi to Hon no Tabibito, ou “Yamibou” (não por coincidência, meu primeiro contato com o gênero Yuri), baseado num eroge da ROOT, mas que é muito diferente da versão original, pois se tornou uma história Yuri “clássica”, mesmo tendo fanservice pro público masculino (afinal, veio de um eroge). É um anime bem entre os dois públicos (masculino e feminino) e por isso um dos melhores pontos de partida, ainda mais pelos personagens exóticos (tentem adivinhar “o que é” Arva...). O segundo é Kannazuki no Miko, um “sucessor espirutual” de Yamibou, por assim dizer. A história estilo Yuusha Robots (Think Gurenn Lagann) é jogada pra escanteio (pra lá da linha de fundo), em favor da relação conturbada entre as duas protagonistas, e o jeito que se desenvolve o enredo é bem similar a Yamibou. E claro, Maria-sama ga Miteru de novo...pois como já dito, além de ser uma obra importante suas persongens são pra lá d carismáticas.



    Um comentário:

    1. Uau.... eu que acompanho a evolução do Yuri de perto fiquei muito impressionada de encontrar em um blog brazuca uma dissertação tão completa e detalhada de vários aspectos que são na maioria desconhecidos mesmo do público apreciador do gênero aqui no país.

      Trabalho maravilhoso, realmente vale a pena lembrar de um blog já conhecido que eu não visitava a tempos.

      Ganbatte minna!
      matta ne o/

      ResponderExcluir

    Fashion

    Beauty

    Culture